Pólos de Lavras e Varginha

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quinta-feira, 7 de junho de 2018


"Uso do blog como ferramenta para auxiliar o ensino aprendizagem"
Por Edelaine Grande
Polo Varginha
Sala 4
Marcadores: Blog, ensino a distância,  ensino-aprendizagem, educação, tecnologias.
                    
                        “Uso do blog para se sonhar junto e construir ideias “
           A primeira vez que ouvi a palavra blog foi a cerca de 20 anos quando vi uma experiência de uma professora de inglês, de um colégio privado onde atuava como pedagoga. Achei uma palavra estranha, pois ainda não estava familiarizada com as novas tecnologias.  A professora me explicou que era uma ferramenta digital nova e que os meninos adoravam escrever, inclusive que todos tinham seu blog pessoal. Conclui então se tratar de um diário digital. Meu interesse pela ferramenta digital limitou-se a conhecer seus benefícios para o aprimoramento da escrita e das interações entre os alunos, mas sabia que com a velocidade das mudanças tecnológicas, antes mesmo que eu apreendesse o que era um blog, ele já teria desaparecido nas profundezas de um “buraco negro” da internet, para onde vão todas as coisas que são obsoletas e caem em desuso.
          Anos mais tarde, na rede pública onde passei a atuar, presenciei uma experiência inovadora numa escola do campo: uma professora de 5º. ano elaborando um blog coletivo com as crianças sem que houvesse internet na escola. Essa experiência me transportou para outra dimensão. A paixão com que esse blog foi escrito, a muitas mãos, com textos feitos pelas crianças relatando a vida no campo, a infância próxima da natureza e o aprendizado da cultura agrária dos pais me revelaram uma nova possiblidade de uso desta ferramenta. Como poderiam entrar nesse universo tecnológico sem estarem conectados? Como era se apropriar do mundo digital sem ter acesso a ele? Como escrever um blog a tantas mãos, com tantas visões diferenciadas, com tamanha riqueza de informações, de ensinamentos, de cultura?
         A prática era coletiva, com toda a força que essa palavra tem: um notebook, uma professora e 20 crianças de 9 anos conectados sim, mas a um cabo de energia elétrica somente. Escreviam suas histórias na euforia por tocarem naqueles teclados. A  professora as salvava e quando chegava em sua casa arrumava as imagens como quem faz um cartaz com cola, tesoura e gravuras recortadas de revistas  e só então fazia as postagens. Ao postar, salvava as páginas para que as crianças as visualizassem no dia seguinte. E assim o blog ia se fazendo. Todos os dias as crianças esperavam para ver como tinha ficado. Alguns perguntavam à professora; “mas isso ai todo o mundo vê?? Todo o mundo mesmo??”
           As crianças foram ousadas por construírem um blog. Isso a mais ou menos...10 anos atrás, e numa escola do campo
De lá pra cá muita coisa mudou, tanto na internet, quanto na tecnologia, mas infelizmente menos,  na educação.
           A internet ficou mais rápida, acessível e mais abrangente. A tecnologia mais acessível e simples de ser operada. Mas a educação, mesmo com a criação dos laboratórios de informática, tablets, Smartphone e pendrives, continua ainda centrada num “professor com um giz nas mãos diante de um quadro (negro ou branco, é a mesma coisa)”. Hoje as escolas do campo possuem conexão em banda larga e quase todas as “crianças da roça” já tem seus Smartphones.  Mas o conhecimento sobre a blogosfera, o uso educacional da internet e todo o aparato tecnológico disponível ainda são para poucos ousados professores que se atrevem a utilizá-los em favor da aprendizagem.
       Os blogs continuam sendo ferramentas digitais fascinantes para a arte de escrever, escrever o que se pensa, escrever o que se sente, escrever o que se vive, escrever o que se sonha. Poucos professores se utilizam deles para melhorar a aprendizagem de seus alunos. Mal sabem eles quão fascinante é a arte de escrever um blog, de tornar possível o trabalho na de aula com a escrita lúdica,  coletiva, utilizando a  linguagem com esmero através de textos coerentes e coesos, exercitando as opiniões, as argumentações, a diversidade de gêneros textuais e principalmente a organização das ideias.
          É possível criar nesse “oceano” que se chama internet “ilhas de escrita coletiva” onde os objetivos sejam comuns aos que nela postam: blogs educacionais onde as crianças se percebam, se leiam, se escutem e se reconheçam como autores, fazedores de suas belas, encantadas e conectadas histórias.


3 comentários:

  1. Edelaine. Você é demais.
    Que relato lindo e que texto bem escrito (depois fala de mim!).
    Achei muito interessante a história dessa professora do campo. Com certeza ela influenciou e proporcionou muita imaginação aos alunos. Incrível.
    Eu não tinha conhecimento de que o blog era algo tão antigo. Penso que não me atentei para essa informação (histórica?) no nosso Guia de Estudos.risos! Obrigada por compartilhar conosco sua trajetória e percepção. Sigo no desejo de um dia contribuir para as sonhadas "ilhas de escrita coletiva".
    Um abraço

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  2. Debora, tentei ao escrever o relato, transmitir a beleza, a riqueza e a intensidade da entrega que foi percebida durante a experiência. Somente pessoas sensíveis como você conseguem captar a beleza dessa prática.

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