Pólos de Lavras e Varginha

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quinta-feira, 28 de maio de 2015

O processo de ensino-aprendizagem por meio de Blogs

 O “caminhar” da Educação: levado pelo uso de Blog
por  Sandra Maria da Silva
O modelo tradicional de escola (consequentemente, de sociedade tradicional), que estabelece ênfase na mera transmissão de conteúdos (eruditismo), mediante um grande verbalismo, não dá conta do acidente, do diferente. A razão disso é que nesse tipo de ensino/instituição há uma padronização da figura do aluno enquanto alguém “normal”, a saber, com uma capacidade de memória suficiente para absorver os saberes transmitidos pelo professor. (...) Felipe Figueira, 2014)

A educação está passando por uma revolução. Por mais de dois séculos a escola apresentou-se com uma metodologia didática centrada na figura do professor. No entanto, hoje as escolas estão transformando suas propostas didáticas para o desenvolvimento de aprendizagens por meio das Tecnologias de Informação e Comunicação. Em suma, a internet esta cada vez mais inserida nos processos pedagógicos.
            Nos processos, o erudito, esse que prende os passos da educação, se torna livre com o uso dos objetos de aprendizagens digitais. O blog é uma ferramenta que torna rica a educação. Esse modelo de material didático digital propõe a transformação do processo de aprendizagem por um método dialógico, participativo e reflexivo. Esse método quebra a hierarquização de conhecimento entre as pessoas que participa do processo formativo, também possibilita a inclusão de todos os alunos da escola.
Desse modo, o uso do blog na sala de aula envolve os estudantes entorno de um “aprender a fazer e a viver junto” objetivando-se “que alunos isolados ou grupos éticos diversos se integrem por meio da comunicação virtual.” (UCHÔA, 2015, p.34). Desta forma, o blog oportuniza aos interlocutores novas aprendizagens e respeito entre as pessoas  do grupo como um todo por meio da construção coletiva do conhecimento e, também, por permitir desenvolver o pensamento, tornando-as mais sensíveis e criativas.
Parece, portanto, que o “caminhar” da educação por meio da tecnologia, com o uso da ferramenta metodologia do blog tem revelando como uma experiência educacional e social favorável à mediação para o desenvolvimento psicológico completo do sujeito.
Nessa perspectiva, na escola encontram-se, muitas vezes, crianças sendo consideradas diferentes por agirem com dificuldade sem conseguirem expressar-se e nem interagirem funcionalmente. É importante lembrar que, nas atividades cotidianas mais simples e básicas como vestir, brincar e comunicar, essas crianças são lentas e necessitam de ajuda, por isso são consideradas incapazes também para aprender e desenvolver habilidades acadêmicas. Esse é um erro grave cometido comumente em nossa sociedade. Rubem Alves diz:

Existe uma estória que foi construída em torno da dor da diferença: a criança que se sente não bem igual às outras, por alguma marca no seu corpo, na maneira de ser... Esta, eu bem sei, é estória para ser contada também para os pais. Eles também sentem a dor dentro dos olhos. Alguns dos diálogos foram tirados da vida real. Ela lida com algo que dói muito: não é a diferença, em si mesma, mas o ar de espanto que a criança percebe nos olhos dos outros [...] O medo dos olhos dos outros é sentimento universal. Todos gostariam de olhos mansos... A diferença não é resolvida de forma triunfante, como na estória do Patinho Feio. O que muda não é a diferença. São os olhos... (RUBEM ALVES, 1987).

             Este olhar, algumas vezes, diz para o deficiente que ele não vai conseguir aprender e nem interagir, rompendo o processo de desenvolvimento da criança.
Portanto, ao abordamos esse assunto, é necessário desenvolver atividades pedagógicas associadas à motivação, sentido e afeto para que a intervenção pedagógica se estabeleça pretendendo mudar, neste contexto de sala de aula, tal questão que influencia a vida do aluno diferente. Em curto prazo pretende estimular as estruturas cognitivas, essencialmente orgânicas - ação, atenção involuntária, memória - que no deficiente mental já estão comprometidas desde o nascimento e, também contribuir, em longo prazo para o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Para Vygotsky, essas funções têm o papel de desenvolver na criança a capacidade de resolver problemas, atenção voluntária, armazenamento da informação e outros. Por isso, não são biológicas, são puramente construídas por meio das interações e mediações sociais e, em seguida internalizadas pelas condições influentes da cultura e da ação do sujeito em seu contexto sociocultural.
Nesse sentido, Vygotsky (apud Queiroz, 2005) afirma que:

As funções intelectuais superiores, cujas características principais são a consciência reflexiva e o controle deliberado, adquirem um papel de destaque no processo de desenvolvimento. A atenção, que antes era involuntária passa a ser voluntária e depende cada vez mais do próprio pensamento da criança, a memória mecânica se transforma em memória lógica orientada pelo significado, podendo ser usada deliberadamente pela criança. Poder-se-ia dizer que tanto a atenção como a memória tornam-se lógicas e voluntárias, já que o controle de uma função é a contrapartida da consciência que se tem dela.  (VYGOTSKY apud Queiroz, 2005, p.6)

 É pela interação social, puramente cultural que, o sujeito desenvolve seu conhecimento. Nesse desenrolo das relações mediada pelo outro(s) e por objeto(s) adaptado (s) as suas necessidades e com seus significados que possibilitam a evolução das estruturas cognitivas, de elementares para superiores. Diante desse processo, as relações sociais propiciam o desenvolvimento do sujeito. O conhecimento externo internaliza-se e, transforma-se em conhecimento interno por meio de um objeto de conhecimento, a linguagem. O uso do blog é um recurso didático que estimula as atividades cognitivas do sujeito. Assim, a escola deverá estar atenta às inovações tecnológicas, como a ferramenta digital blog, para benefício do sucesso do processo de ensino-aprendizagem de todos os alunos, inclusive para os considerados diferentes, e com esse possibilitar maior número experiência e informações sensoriais entre o aluno e o mundo que o cerca.
De maneira efetiva, as novas tecnologias influenciaram grandes mudanças na sociedade civil, política e no trabalho. Isto resultou em profundas mudanças também no campo social e individual. (Gouveia & Gaio, 2004). Em se tratando da inclusão social dos deficientes no mundo social e produtivo, não se pode ignorar a tecnologia. O indivíduo precisa ser iniciado no uso da tecnologia, e nada melhor do que por meio do uso de blog, enfim, das emoções interativas!

Referência Bibliográfica
ALVES. R. Como nasceu a alegria. São Paulo: Editora Paulinas, 1987.
FIGUEIRA, Felipe. Como se formar além da (in)formação? In Revista Filosofia Ciência & Vida. Ano VIII, nº 101, dez. 2014, p. 65-71.
GOUVEIA, L. & GAIO S. (Orgs) Sociedade da Informação: balanço e oportunidades. Pernambuco:  Ed. UFPE, 2004.
QUEIRÓZ, V. D. S. A Psicologia Histórico Cultural e sua Contribuição para a Educação do portador de Deficiência Mental. Revista do Mestrado em Educação, Campo Grande Vol.11, n. 22, 2005.
UCHÔA, Kátia C. Amaral, Uso educacional da blogosfera: guia de estudos. 1ª Ed. – Lavras: UFLA, 2015.


Um comentário:

  1. Olá Sandra. Achei interessante suas colocações a respeito dos blogs. Eu também acredito que tais recursos provocaram mudanças significativas no ensino aprendizagem, promovendo a interação e a inclusão no ensino.

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