O “caminhar” da Educação: levado pelo uso de Blog
por
Sandra Maria da Silva
O modelo tradicional de escola (consequentemente, de
sociedade tradicional), que estabelece ênfase na mera transmissão de conteúdos
(eruditismo), mediante um grande verbalismo, não dá conta do acidente, do
diferente. A razão disso é que nesse tipo de ensino/instituição há uma
padronização da figura do aluno enquanto alguém “normal”, a saber, com uma
capacidade de memória suficiente para absorver os saberes transmitidos pelo
professor. (...) Felipe Figueira, 2014)
A
educação está passando por uma revolução. Por mais de dois séculos a escola apresentou-se
com uma metodologia didática centrada na figura do professor. No entanto, hoje
as escolas estão transformando suas propostas didáticas para o desenvolvimento
de aprendizagens por meio das Tecnologias de Informação e Comunicação. Em suma,
a internet esta cada vez mais inserida nos processos pedagógicos.
Nos
processos, o erudito, esse que prende os passos da educação, se torna livre com
o uso dos objetos de aprendizagens digitais. O blog é uma ferramenta que torna
rica a educação. Esse modelo de material didático digital propõe a
transformação do processo de aprendizagem por um método dialógico,
participativo e reflexivo. Esse método quebra a hierarquização de conhecimento
entre as pessoas que participa do processo formativo, também possibilita a
inclusão de todos os alunos da escola.
Desse
modo, o uso do blog na sala de aula envolve os estudantes entorno de um
“aprender a fazer e a viver junto” objetivando-se “que alunos isolados ou
grupos éticos diversos se integrem por meio da comunicação virtual.” (UCHÔA,
2015, p.34). Desta forma, o blog oportuniza aos
interlocutores novas aprendizagens e respeito entre as pessoas do grupo como um todo por meio da construção
coletiva do conhecimento e, também, por permitir desenvolver o pensamento,
tornando-as mais sensíveis e criativas.
Parece, portanto, que o “caminhar” da educação por meio da tecnologia,
com o uso da ferramenta metodologia do blog tem revelando como uma experiência educacional
e social favorável à mediação para o desenvolvimento psicológico completo do sujeito.
Nessa perspectiva, na escola encontram-se,
muitas vezes, crianças sendo consideradas diferentes por agirem com dificuldade
sem conseguirem expressar-se e nem interagirem funcionalmente. É importante
lembrar que, nas atividades cotidianas mais simples e básicas como vestir,
brincar e comunicar, essas crianças são lentas e necessitam de ajuda, por isso
são consideradas incapazes também para aprender e desenvolver habilidades
acadêmicas. Esse é um erro grave cometido comumente em nossa sociedade. Rubem
Alves diz:
Existe
uma estória que foi construída em torno da dor da diferença: a criança que se
sente não bem igual às outras, por alguma marca no seu corpo, na maneira de
ser... Esta, eu bem sei, é estória para ser contada também para os pais. Eles
também sentem a dor dentro dos olhos. Alguns dos diálogos foram tirados da vida
real. Ela lida com algo que dói muito: não é a diferença, em si mesma, mas o ar
de espanto que a criança percebe nos olhos dos outros [...] O medo dos olhos
dos outros é sentimento universal. Todos gostariam de olhos mansos... A
diferença não é resolvida de forma triunfante, como na estória do Patinho Feio.
O que muda não é a diferença. São os olhos... (RUBEM
ALVES, 1987).
Este olhar, algumas vezes, diz para o
deficiente que ele não vai conseguir aprender e nem interagir, rompendo o
processo de desenvolvimento da criança.
Portanto, ao abordamos esse
assunto, é necessário desenvolver atividades pedagógicas associadas à motivação,
sentido e afeto para que a intervenção pedagógica se estabeleça pretendendo
mudar, neste contexto de sala de aula, tal questão que influencia a vida do aluno
diferente. Em curto prazo pretende estimular as estruturas cognitivas,
essencialmente orgânicas - ação, atenção involuntária, memória - que no
deficiente mental já estão comprometidas desde o nascimento e, também
contribuir, em longo prazo para o desenvolvimento das funções psicológicas
superiores. Para Vygotsky, essas funções têm o papel de desenvolver na criança
a capacidade de resolver problemas, atenção voluntária, armazenamento da
informação e outros. Por isso, não são biológicas, são puramente construídas
por meio das interações e mediações sociais e, em seguida internalizadas pelas
condições influentes da cultura e da ação do sujeito em seu contexto
sociocultural.
Nesse sentido, Vygotsky (apud Queiroz,
2005) afirma que:
As
funções intelectuais superiores, cujas características principais são a
consciência reflexiva e o controle deliberado, adquirem um papel de destaque no
processo de desenvolvimento. A atenção, que antes era involuntária passa a ser
voluntária e depende cada vez mais do próprio pensamento da criança, a memória
mecânica se transforma em memória lógica orientada pelo significado, podendo
ser usada deliberadamente pela criança. Poder-se-ia dizer que tanto a atenção
como a memória tornam-se lógicas e voluntárias, já que o controle de uma função
é a contrapartida da consciência que se tem dela. (VYGOTSKY apud Queiroz,
2005, p.6)
É pela interação social,
puramente cultural que, o sujeito desenvolve seu conhecimento. Nesse desenrolo
das relações mediada pelo outro(s) e por objeto(s) adaptado (s) as suas
necessidades e com seus significados que possibilitam a evolução das estruturas
cognitivas, de elementares para superiores. Diante desse processo, as relações
sociais propiciam o desenvolvimento do sujeito. O conhecimento externo
internaliza-se e, transforma-se em conhecimento interno por meio de um objeto
de conhecimento, a linguagem. O uso do blog é um recurso didático que estimula
as atividades cognitivas do sujeito. Assim, a escola deverá estar atenta às inovações tecnológicas, como a ferramenta
digital blog, para benefício do sucesso do processo de ensino-aprendizagem de
todos os alunos, inclusive para os considerados diferentes, e com esse
possibilitar maior número experiência e informações sensoriais entre o aluno e
o mundo que o cerca.
De maneira
efetiva, as novas tecnologias influenciaram grandes mudanças na sociedade
civil, política e no trabalho. Isto resultou em profundas mudanças também no
campo social e individual. (Gouveia & Gaio, 2004). Em se tratando da
inclusão social dos deficientes no mundo social e produtivo, não se pode
ignorar a tecnologia. O indivíduo precisa ser iniciado no uso da tecnologia, e
nada melhor do que por meio do uso de blog, enfim, das emoções interativas!
Referência Bibliográfica
ALVES. R. Como nasceu a alegria. São Paulo: Editora Paulinas, 1987.
FIGUEIRA,
Felipe. Como se formar além da
(in)formação? In Revista
Filosofia Ciência & Vida. Ano VIII, nº 101, dez. 2014, p. 65-71.
GOUVEIA, L. & GAIO S. (Orgs) Sociedade da Informação: balanço e
oportunidades. Pernambuco: Ed. UFPE,
2004.
QUEIRÓZ,
V. D. S. A Psicologia Histórico Cultural
e sua Contribuição para a Educação do portador de Deficiência Mental.
Revista do Mestrado em Educação, Campo Grande Vol.11, n. 22, 2005.
UCHÔA,
Kátia C. Amaral, Uso educacional da
blogosfera: guia de estudos. 1ª Ed. – Lavras: UFLA, 2015.